Taunay: última carta de Nioaque
O tenente Alfredo Taunay, da comissão de engenheiros das forças brasileiras, escreve em 7 de fevereiro de 1867, sua última carta de Nioaque ao pai, antes da invasão do Paraguai, pela coluna brasileira, que resultaria na célebre retirada da Laguna:
Meu caro Papai,
Esta carta lhe chegará, por ordem da data a que lhe terá entregue o bom Dr. Miranda, este excelente amigo que nestes desertos nos deixou inconsoláveis.
Tive como sabe o desprazer de não poder por seu intermédio enviar-lhe nem umaRio Nioaq carta nem um abraço que lhe transmitisse todos os meus sentimentos da respeitosa amizade e as profundas saudades de casa.
Mauá lhe falará das boas condições da salubridade que oferecia este lugar. O acampamento como acabo de dizê-lo em relatório enviado pelo Comandante das forças apresenta garantias de segurança se a vigilância realizar com eficácia.
Apoiam-se os nossos flancos sobre os dois rios Orumbeva e Nioac e as avenidas pelas quais pode o inimigo avançar vem cortar a frente.
Duas boas linhas de retirada, além disto, partem deste lugar e conduzem a lugares capazes de permitir ativa defesa.
Coloquei guardas avançadas em encruzilhadas em caminhos que vão ter ao Apa e à Vacaria (veja o mapa que lhe mandei) estradas muito frequentadas pelos paraguaios durante a ocupação do distrito.
V. me perdoará os garranchos; escrevo sobre os joelhos em casa do bom amigo Lago.
Adeus papai, uma lembrança do seu filho respeitoso.
Alfredo.
FONTE: Taunay, Mensario do Jornal do Commercio, Tomo XXI - volume II, Rio, 1943, página 348.
FOTO: rio Nioaque
Comentários
Postar um comentário